Pensamentos Efêmeros - Agora sim. Agora não.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Azul tintol.

Existir.

Nosso dia não muda e a hora
não passa, não há nada para fazer.
Você chega em casa, sua fome
incomoda e você, obviamente, vai comer.

Comer é um ato de reflexão, logo,
do seu dia começará a se arrepender.
Toma um banho de gato, daqueles bem fajutos.
Espanta o corpo mole, vai p'ros braços de Morfeu.

Já reparou que a noite, sempre a noite,
a fome é de morrer?
Acabastes com tudo, comeu todo o mundo
e ainda queres emagrecer?

Espreguiça o corpo feito cachorro,
amacia a cama, tira o lençol.
Espicha a alma e agora?
Só falta o sono comparecer.
Para o seu desespero, não prega nenhum olho,
repensa tudo de novo:

"O que deixei de fazer?"

Um piscada durante o dia
é uma eterna agonia,
a noite terás sorte se tiveres
a capacidade de perceber.


Nessa cabeça oca passa o povo,
passa o trabalho,
passa o estouro do meu cartão que vai vencer!
Passa o dinheiro da marmita,
passa a escola da minha filha,
a pensão da diaba da mulher!

Ai, meu Deus!

Passa de tudo, quase tudo mesmo, mas,
meu Deus, eu não mereço
além de desgosto, não dormir.
Pobre já não tem regalia,
sofre e é calado,
sem direito a apatia.
Nem dormir?
Proclamarei essa lei.

Outrora estaria em sono profundo,
mas vejo a tênue linha da cor do mundo,
a cor da manhã azul tintol.

Mais um dia,
em plena luz do dia,
literalmente dia.






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